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Coleção: Estranhamente Familiar

A série de gravuras assinadas, datadas e numeradas, intitulada Estranhamente Familiar é produzida a partir de pinturas em tinta a óleo sobre tela, parte da exposição individual, de mesmo título, da artista Paula Scavazzini, que ocorreu entre janeiro e março do ano de 2022. 

"A exposição individual Estranhamente Familiar parte da criação de uma casa e uma família fictícias. A ideia da família e do interior da casa líbano-brasileira baseiam-se em um recorte social de um grupo imigratório do Brasil, assim como de algumas referências auto biográficas, da minha proximidade afetiva com a decoração de interiores, de ter cursado dois anos Arquitetura e Urbanismo e, finalmente, da minha formação em Artes Visuais.

Para somar à experiência do Unheimlich, o “inquietante” ou “estranhamento familiar”, descrito em 1919 pelo pai da psicanálise, Sigmund Freud, busquei desierarquizar as tradicionais disposições de pinturas em espaços expositivos e inverter as lógicas do próprio espaço. Segundo esse conceito, tememos tudo o que não nos evoca o íntimo familiar. Assim, quis trazer, por exemplo, a pintura de listras verdes e brancas comumente encontrada sobre tetos de casas coloniais brasileiras para o chão e dispondo pinturas diretamente sobre este chão, ou sobre uma pequena mesa, ou sobre as quinas das paredes e, porque não, em alturas de rodateto.

Ainda mesclando realidade e ficção, a abertura da exposição aconteceu exatamente no último dia de confinamento pandêmico. Dessa forma, a casa foi preparada para uma celebração, mesmo que indefinida. Além da apresentação, de fato, da banda de rock psicodélico Retirante Cósmico, no meio sala principal, podia-se ver um arranjo de mesa de Páscoa, uma guirlanda na porta, um vaso de flor (Vaso de Entrada) para receber as visitas, uma mesa de Natal...

Enfim, eu dispus retratos desta família e de seus amigos pelo espaço da galeria recriada como aquela casa fantástica: tínhamos móveis, como a pintura-sofá, objetos ornamentais e um jogo, como a pintura-tapete Kilim; estavam presentes também a pintura-almofada Gobelin e a pintura-jogo de Gamão, e várias refeições festivas, como uma lagosta e um polvo.

Na sala, ao fundo da exposição, inteiramente pintada de preto brilhante, convidamos algumas celebridades para estarem na pista de dança, junto ao globo espelhado. Os retratos dispostos nesta sala são fruto de uma parceria com o maquiador de moda André Matos, o qual me cedeu algumas das suas centenas de fotografias Polaroid, registros de suas 'pinturas sobre peles' durante os seus vinte anos de carreira, como ponto de partida para que eu desenvolvesse as minhas 'maquiagens em tinta a óleo sobre tela'.

Por fim, ainda em clima de festa, convidei as cinquenta pessoas que compraram as pinturas sobre camisetas que produzi em paralelo ao desenvolvimento da exposição, resultando na partilha de elementos pictóricos com as pinturas sobre telas, para estarem no dia das abertura. Quando pudemos ver, então, tanto pinturas sobre as paredes e sobre o chão, quanto perambulando pelo espaço, sugerindo quase como uma performance desempenhada pelo próprio público-artista e finalizando a celebração da pintura."